Ângela Brodbeck: uma filha do nordeste brasileiro vivendo na Suíça
Dos traumas da infância e adolescência a escritora de sucesso na Europa. Conheça o grande plot twist na vida de Ângela.
O fluxo imigratório no Brasil foi muito intenso nas décadas de 50 até os anos 2000. Milhares de brasileiros deixaram suas vidas aqui para tentarem a sorte no exterior, em países longínquos, com um idioma e cultura bem diferente da nossa, em busca de melhores condições de vida, trabalho e etc. Atualmente, essa demanda de imigração diminuiu de brasileiros indo para o exterior e aumentou de estrangeiros vindos para cá, em especial nas províncias da região norte, de refugiados da Venezuela, Bolívia e Argentina.
Foto cedida pela entrevistada
Para ilustrar a vida de um(a) brasileiro(a) que passou por tantos perrengues, entrevistamos a escritora pernambucana, Ângela Brodbeck Gomes. Atualmente ela é casada com um suíço e tem 3 filhos, duas jovens adolescentes e um menino de quase 3 anos.
Ângela nasceu em Recife – PE, Brasil, e vive na Suíça há 26 anos, é naturalizada cidadã Suíça na região dos Alpes da chamada Lugnésia, É habilitada em corte e costura, embora nunca tenha exercido a função. Participou do projeto AMI (Agentes Multiplicadores de Informações) da Casa de Passagem, que é uma ONG do Recife-PE. Já na Suíça, fez um curso prático para Catering Worker, decoradora e organizadora de eventos, numa empresa privada de eventos. Fala alemão e espanhol fluentes, inglês básico e está iniciando hebraico.
Foto cedida pela entrevistada (esposo e filhos de Ângela)
Como muitos brasileiros, Ângela teve uma infância e adolescência muito difíceis quando ainda morava no Recife, o que lhe causaram grandes traumas como depressão, crise de ansiedade e síndrome do pânico e para superar essas dores, resolveu relatar tudo em uma autobiografia:
“Minha infância no Brasil não foi nada fácil. Foi carregada de experiências difíceis de serem superadas. Contudo, nunca me faltou amor, calor humano de amigos e familiares. As marcas desse passado me marcaram profundamente. Daí nasceu a minha vontade de tornar essas experiências de vida, de luta e superação acessível a outras pessoas. Então decidi escrever minha autobiografia, que se materializou no livro intitulado Filha do Nordeste Brasileiro: memórias de uma Imigrante na Suíça.”, revela.
Este é sua primeira obra literária e foi custeada de forma, totalmente independente, pela Editora SGDZ. Está disponível no Brasil em formato físico e e-book.
A obra ainda não teve lançamento oficial em decorrência da pandemia, mas a autora garante que em breve pretende fazê-lo online em suas redes sociais, mesmo ela tendo alguma resistência a este formato de lançamento.
Foto cedida pela entrevistada
A autora nos revela que escrever sua autobiografia foi algo que ela queria há muito tempo e sentia que devia fazer, devido as experiências que viveu, porém era sempre tomada pelas emoções:
“Não foi fácil , começava e não permanecia. Depois de quase 10 anos, finalmente consegui começar e terminar, a pandemia me ajudou nisto, a escrita foi muito rápida e fluiu como rio,fiz pouquíssimas pesquisas, já que se trata de um livro de memórias. Todo processo não durou mais que 3 meses equando finalizei, já levei paraa impressão.”, comenta Ângela.
O livro foi escrito de julho de 2020 a outubro do mesmo ano. Na narrativa, por ser uma autobiografia, Ângela é a protagonista, porém traz vivencias de suas viagens e experiências no exterior, personagens Suíços, Italianos, Israelenses, Belgas, e as experiências que ela teve nesses países e diz que espera muito que os leitores gostem de sua história de vida, que poderia não ter sido igual para muita gente:
“Espero que leiam sentindo o que passei exatamente no livro, as emoções, os medos, as inseguranças, o desespero, mas também as aventuras, a coragem e a força de vontade de sempre querer evoluir”, destaca Ângela.
Indagada sobre quando começou a escrever, a autora nos conta que desde criança gostava de ouvir e contra histórias e aquilo a motivava:
“Sempre gostei de escrever, desde o primário já escrevia poesias, contos e romance. Tinha uma imaginação fértil. Escrever me acalma, serve como uma terapia pra mim.”, relata a escritora.
A autora também nos conta como vê o público leitor aqui no Brasil e na Suíça. Segundo ela, na Suíça, tem um ótimo mercado editorial, a cultura é valorizada e incentiva-se muito a leitura:
“É normal as crianças escolherem um livro no lugar de um game. É normal ver crianças lendo nos parques, assim como os adultos, quase todo lar suíço tem uma biblioteca. O suíço ama ler.”, afirma.
Foto cedida pela entrevistada
Em relação ao Brasil, a autora comenta:
“Não posso opinar sobre, pois já vivo muito tempo no exterior".
Para encerrar a entrevista, Ângela nos diz que seus leitores sonham em ver seu livro virando uma obra audiovisual:
“Escuto muito isso dos meus leitores, que minha história poderia virar um filme ou uma novela, mas eu particularmente ainda não pensei sobre esse assunto”, finaliza.
O livro Filha do Nordeste Brasileiro: memórias de uma imigrante na Suíça, está sendo traduzido para o alemão e inglês, além do português, idioma escrito originalmente e já circula em vários países como Noruega, Itália, Portugal, Áustria, Alemanha, Japão, Irlanda, EUA, Canadá e Espanha.
Por Patrick Sousa
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