Série Cidade Invisível, na Netflix, aborda folclore brasileiro de forma impecável

 

         A nova série brasileira, estreada dia 05/02 na Netflix, causou alvoroço nas redes sociais e já é considerada grande sucesso de audiência na plataforma de streaming vermelhinha, sendo a série brasileira mais vista na plataforma. Escrita e dirigida por Carlos Saldanha, a série é estrelada por Marco Pigossi, que interpreta Erick, um policial que investiga a misteriosa morte da esposa Gabriela (Júlia Konrad), que está com sua filha numa festa na Vila Toré. A criança é atraída para o meio da floresta e percebe a existência de seres mitológicos que até então, acreditava existir apenas no imaginário popular, as chamadas lendas.

Foto: reprodução Netflix


           A série tem apenas 7 episódios nessa primeira temporada, com duração de 40 minutos cada e passa tão rápido que o telespectador nem percebe de tão fluída. O texto do Saldanha no roteiro torna o enredo muito misterioso e, diria até meio sombrio, dando um toque de seriedade e maturidade, casando com a direção e fotografia. Nada comparado com infantilidade do folclore apresentado na série do Sítio do Pica-Pau Amarelo, da Globo, em 2004, ou na novela Mutantes: Caminhos do Coração, 2007 a 2009, Record. O público alvo da série da Netflix definitivamente não são crianças.

        São apresentados nos quatro primeiros episódios todos os seres dessa temporada: A bruxa Cuca, interpretada por Alessandra Negrini. A personagem é uma linda feiticeira que se transforma em mariposa e habita os sonhos das crianças fazendo elas terem pesadelos.

         O saci-perêrê, Isac, interpretado por Wesley Guimarães dá um tom de travessura característicos do personagem. Victor Sparapne interpreta Manaus, o boto cor de rosa. Jéssica Córes interpreta Camila, a sereia Iara. Fábio Lago é o grande destaque, interpretando Iberê, o Curupira, guardião da floresta, porém com índole questionável.

                                                           Foto: reprodução Netflix


       A caracterização dos personagens chama a atenção por não se prender aos elementos clássicos do folclore. Logo, é difícil fazer uma crítica sem elogiar o toque moderno que as histórias ganham enquanto as criaturas acompanham a evolução de nossa sociedade contemporânea. Os efeitos especiais também são muito bons, dignos de Hollywoody, com exceção para a fumaça do redemoinho do saci, que tem um aspecto fake e mal feito.

         Certamente outros personagens do folclore serão apresentados na segunda temporada, como lobisomem, mula-sem-cabeça, boitatá, chupa-cabra, caipora, e serão contemplados com cada região do país, de norte a sul, dando ares de brasilidade. É demasiado importante explorar nossa cultura em produções grandiosas como essa, dando índice altíssimo de visibilidade a nossa cultura no exterior. Vale lembrar que o próximo filme da saga Animais Fantásticos e Onde Habitam será gravado no Brasil e também abordará seres do folclore brasileiro como criaturas mágicas do universo de Harry Potter.

        A segunda temporada já foi confirmada pela Netflix, porém as gravações ainda não começaram em decorrência da pandemia no coronavírus. A expectativa é que a série estreia em meados de 2022. A trama tem folego para, pelo menos, 5 temporadas!

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Escritora Aline Duarte publica poesias em coletânea literária nacional

Entrevista com a autora Marta Machado

Atrizes transexuais se destacam e fazem história em indicação ao Melhores do Ano da Globo