O que a segunda temporada de Pose tem a nos ensinar?
A série americana, produzida pela FOX Premium1, escrita por Ryan Murphy, Janet Mock, Our Lady J, Brad Falchuk, Steven Canals, Todd Kubrak e dirigida também por Ryan Murphy, atualmente em catálogo na Netflix, encontra-se em sua segunda temporada.
A
trama, que narra a trajetória de jovens negros e LGBTIQIA+ na década de 80, nos
guetos e subúrbios de Nova Iorque, traz enfoque nos bailes de gala organizadas
pela comunidade gay e trans da época, explorando a cultura, as vivências e os
relacionamentos de cada letra da sigla. Também é exposto o drama do “boom” da
AIDS, que explodia em casos naquela época, principalmente em jovens LGBTs.
A
sensibilidade no texto de Murphy em cada diálogo e na construção de cada
personagem, nos fazem transportar para aquela época distante (há mais de 30
anos), num mundo em que a tecnologia era algo distante e, principalmente, o
tratamento para HIV/AIDS ainda ensaiava os primeiros passos, pois o Tenofovir, medicamento que causava fortes efeitos coletarias
e reações, é descrito como primeira “salvação” aos recém-infectados.
Além das questões sanitárias em relação ao surto de HIV na
comunidade LGBTQIA+ nos EUA, que lamentavelmente era associada à peste gay por
fundamentalistas religiosos, a série discute questões de identidade de gênero
no protagonismo a personagens negras que são travestis (inclusive na vida
real), e que gerem casas de acolhimento a pessoas em vulnerabilidade social.
Elektra, interpretada por Dominique Jackson, é a “mãe” da
falida casa abundance em que acolhe e disciplina jovens gays e trans em
situação de rua para se tornarem estrelas dos bailes gays. Sua personalidade
forte e, por vezes, arrogante, imprimem um humor ácido na personagem, que cai
por terra quando resolve fazer a cirurgia de redesignação sexual e é abandonada
pelo parceiro devido essa escolha difícil.
Blanca, vivida por M.J Rodriguez, é a líder da casa
evangelista, que adota jovens gays que se envolvem com drogas e prostituição.
Blanca vive o drama de ser diagnosticada com HIV, mas luta intermitentemente
contra a doença. Angel (Indya Moore), que mora com Blanca, Papito e Damon,
sonha em ser modelo, mas vê o preconceito contra sua identidade de gênero
afetar drasticamente seu sonho. A maior lição que a série pode provocar é o
estigma que LGBTQIA+ sofrem até os dias atuais. Podemos situar a raiz do
problema. Vale muito apena conferir os oito episódios dessa segunda temporada
que se encaminha, sem muito fôlego, para a terceira.
Por Patrick Sousa
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