Websérie Se a rua 2 falasse é sucesso de público
Se tratando de novas alternativas de entretenimento, em especial de plataformas digitais como o Youtube, que sabendo ser seletivo(a), pode oferecer conteúdo de primeira qualidade como das grandes emissores de TV aberta ou streamings. A entrevista da vez foi com os criadores da Websérie Se a rua 2 falasse, disponível no canal Meu Sobrenome é Vida.
"O canal surgiu faz pouco mais de 5 meses e foi criado com a proposta de fazer algo que tivesse uma identidade, que falasse daquilo que acreditamos, que contasse histórias de uma “minoria” que não é retratada como se deve…nos grandes veículos de comunicação. Queríamos contar histórias de gente como eu, como você que ler este texto… historias de gente real. Que chora, sente, que sorrir", relatou Emerson Ghaspar, roteirista das webséries do canal.
Foto: reprodução Instagram do canal
A websérie citada em questão, até o momento tem oito episódios postados com alcance de mais de duzentos mil visualizações, somados todos os episódios juntos e quase quinze mil inscritos até o momento. As produções são realizadas com parcerias entre autores, diretor, produtores. E indagados sobre o que pensam sobre o crescimento desse gênero audiovisual num país ainda tão homofóbico e como a plataforma ajuda na divulgação, Adão Mota, o diretor da atração nos respondeu: "Acredito que esta crescente se dá devido ao trabalho político feito durante anos. Mas em Janeiro deste ano (2019) demos de frente com o retrocesso. E desculpa, avançamos muito para regredirmos agora. A produção audiovisual, tem um papel muito importante, que é de chegar na casa de milhares de pessoas que está na busca de se entender como ser humano, em se descobrir e poder apresentar algo que leve a reflexão já nos deixa muito grato. Encontramos então o nosso momento. Afinal, pessoas são o que são, independente de sua condição sexual e aos poucos o mundo tem evoluído. E não tem como não falar de evolução sem falar no Youtube. Ele tem se tornado, a cada dia, um dos melhores aliados. O mercado audiovisual está passando por mudanças, assim como a sociedade como um todo, mudanças necessárias, antes era o que algumas mídias apresentavam e só. Agora temos uma quantidade considerável de plataformas para todo tipo de público e sempre tem gente interessada, não é só pra massas, são pra pessoas, é algo mais individual… Temos vários projetos que abordam isso, vem mais dramaturgia para o público lgbt em 2020."
Ele também nos respondeu sobre a questão orçamentária, tendo em vista as baixas que o presidente da república vem fazendo no setor audiovisual, em especial na ANCINE: "Sobre orçamento, ainda não temos patrocínio e nós bancamos o que podemos. O elenco também nos ajuda e muito… É uma galera muito unida que se juntou para gravar os 13 episódios dessa temporada de Se a Rua 2 Falasse. Agora, se terá segunda temporada, isso é um mistério, tudo vai depender do retorno do público".
Foto: reprodução Instagram do canal
O roteirista do projeto, Emerson Ghaspar, sempre antenado com os gosto do público, nos falou sobre projetos futuros: "Nós sempre temos ideias que gostaríamos de tirar do papel, mas nem sempre é viável, temos projetos para todo tipo de público. O gênero é apenas um detalhe...! Já estamos produzindo a próxima websérie do canal que tem o título provisório de Poeira das Estrelas…. aguardem!", comentou atenuando mistério.
O processo de produção exige bastante cautela na escalação de elenco, escrita do roteiro, direção, edição e divulgação, que além do próprio canal no Youtube, também conta com um perfil no Instagram com o mesmo nome do canal: "O processo de criação é o mesmo de uma grande produção. A única diferença é que temos uma equipe reduzida. Então basicamente nós mesmos fazemos quase tudo. O elenco e toda nossa equipe técnica participa de forma voluntária. Dividimos algumas funções para que possamos dar conta… Sobre a Home 21, a produtora que idealiza as Webséries do canal, foi criada junto com o Emerson e compartilhamos com toda essa galera.", pontou Mota.
Como se trata de uma produção independente custeada pelos próprios idealizadores, naturalmente existem grandes dificuldades por se tratar de uma websérie LGBT e uma produção nacional, Emerson foi categórico ao nos responder: "Colocar um episódio no ar é como correr uma maratona e meia… Somos somente nós dois para escrever, fazer pré produção, gravar, editar, divulgar, além de manter nossa vida social e trabalho fora do projeto, afinal não vivemos do canal ainda. Se você, que assiste o canal e gosta das nossas produções, saiba que poderíamos fazer algo ainda mais incrível, mas nem sempre dá... devido o tempo escasso. Portanto, nossa maior dificuldade acaba se tornando a falta de tempo para divulgação. Aproveito o espaço e solicito aos fãs do canal para nos ajudar curtindo, compartilhando, comentando em nossas postagens, seja ela no Youtube ou Instagram. Afinal, somente desta forma chegaremos a mais pessoas a nossa mensagem."
Segundo Adão, o diretor, "o público é o grande incentivador de nosso trabalho, sem dúvidas. A cada lançamento de episódio recebemos uma enxurrada de mensagens. E fazemos o possível para ver o máximo. No momento não temos nenhum patrocínio, mas seria muito bem-vindo. Afinal, poderíamos dedicar mais tempo às nossas produções", desabafou.
Indagados se sentiram algum preconceito por parte de algum internauta no momento dos feedbacks sobre as webséries Fica comigo e Se a rua 2 falasse, Emerson respondeu: "Sim! Uma vez reclamaram que Fica Comigo era uma história de um “psicopata viado”, mas os próprios espectadores começaram a responder o cara… 10 minutos depois ele já tinha apagado o comentário. Tem outros também, mas não damos palanque para discurso de ódio. E se tem hater é porque estamos crescendo."
Foto: reprodução Instagram do canal
Devido o canal ser recente, ainda não contabiliza premiações, como explicou o roteirista: "O canal tem pouco tempo e nem pensamos em participar de festivais ou algo do gênero, no momento queremos contar nossas histórias. Os prêmios serão consequências e com certeza eles virão!"
No momento final da entrevista, Emerson Ghaspar foi bastante enfático ao ressaltar a importância da colaboração direta e indireta dos parceiros que ajudam a manter o canal e levar conteúdo de qualidade e que traga mudanças sociais sobre preconceitos: "Gosto muito de tudo que fazemos, às vezes não sai como prevíamos, mas acredito que o que não sai como esperado é aprendizado e estamos sempre aprendendo. Fica Comigo foi o primeiro trabalho do canal, tenho um enorme carinho, muitos pedem uma segunda temporada e recebo mensagens com teorias sobre o fim de Sílvia. Em Se a Rua 2 Falasse não escrevi sozinho, tive a colaboração de Patrick Sousa, Eli Nunes e Guilherme Lazarotte que se juntou a nosso time. Todos tem um lugar cativo em meu coração, mas no momento já estou voltado para nosso próximo projeto e acredito que vocês vão curtir e muito. Obrigado pelo carinho. Hoje estamos caminhando para os 15 mil inscritos do canal e mais de 600 mil visualizações no Youtube. Continue nos acompanhando, não deixem de curtir, comentar e assistir a gente no Youtube ou no instagram. Somente assim poderemos levar nossa mensagem de amor. Um grande beijo!"
Para conhecer melhor as webséries do canal, seguem os links no Youtube: Meu Sobrenome é Vida ou http://bit.ly/37bOTLA
Instagram: @meusobrenomevida ou http://bit.ly/instanmeusobrenomeevida
Por Patrick Álisson de Sousa
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