André Zaady: as novas possibilidades do cinema independente no Brasil

O cinema nacional, apesar de inúmeros ataques promovidos ao setor, principalmente pelo atual governo, que enxerga a cultura como algo ruim, vem crescendo consideravelmente e ganhando destaque aqui e no exterior, inclusive com premiações importantes. Essa semana, no último dia 11 (quarta-feira), foi a estreia do longa Amor Fluido, produção de André Zaady. 

Foto: reprodução Instagram / perfil do cineasta


Em entrevista exclusiva ao blog, o cineasta André Zaady, de 31 anos, atualmente residente em Aracaju- SE, canceriano arretado e adora yakisoba, nos relatou que não se sente representado pelo atual governo: "Não é um governo que olha para as minorias. Enquanto o Estado é laico, o governo não está preparado para lidar com essas minorias moral e intelectualmente".

Amor Fluido é seu primeiro filme de temática homoafetiva e também seu primeiro drama romântico: "Fico feliz que outros filmes que abordam esses assuntos ganhem espaço no cinema nacional e internacional" Para Zaady, é graças ao ativismo político, num país ainda tão preconceituoso e homofóbico, que precisa combater esses preconceitos existentes e enraizados na sociedade. 

Foto: reprodução Instagram / perfil do cineasta


Zaady também está produzindo um mini-documentário LGBT, chamado Parem de Nos Matar, que está em fase de finalização e  pretende estrear no início de 2020. 
Em suas obras cinematográficas, ele nos disse que seu processo de criação surge de uma ideia inicial da história, posteriormente transcreve para o papel, lê e revisa, faz testes com amigos para lerem o roteiro e também faz uma revisão textual para avaliar a viabilidade desse roteiro com patrocinadores, que serão os financiadores dos seus projetos. Atualmente trabalha com a Produtora Livre Filmes Brasil. O elenco recebe cachê após o lançamento, conforme o faturamento da obra. A escalação de elenco ocorre com anúncios em sites, em que é selecionado os candidatos que manisfestarem interesse em atuar e que já tiveram alguma experiência frente as câmeras. É feito, então, uma pré-seleção nessa etapa, e depois de uma triagem, é feita a seleção final. 

André nos contou que o mais difícil em aceitar fazer parte do projeto foi encontrar atores dispostos a fazerem cenas ousadas como beijar na boca de pessoas do mesmo sexo, mesmo que seja apenas uma encenação, principalmente pessoas que se permitam trabalhar com nudez. Também nos revelou que os filmes brasileiros não ficam muito tempo em cartaz nos cinemas porque quanto menos público, mais difícil fica em manter a locação das salas, o que invisibiliza a exibição dos mesmos. 

Amor Fluido superou todas as suas expectativas: "estou muito satisfeito com trabalho, desde atuação, trilha sonora, foi algo muito bem feito!"

O filme foi todo gravado com equipamento profissional, câmeras Full HD, toda a captação de imagens e vídeos foi feita pela produtora Livre Filmes Brasil, a engenharia de som foi feita e finalizada pela WG, uma produtora grandiosa, a edição feita pela CS Comunicação e o marketing feito pela Forma Digital.

Foto: reprodução Instagram / perfil do cineasta


O que incentivou o cineasta a continuar com o projeto foi trabalhar com pessoas que se alimentam pelos mesmos interesses e que essa paixão em comum motivou a fazer esse belíssimo trabalho. Indagado sobre o feedback dos espectadores, sobre o que eles acharam, André nos contou que ficou muito surpreendido. "Muitos admitem que ficaram com uma certa resistência em assistir ao filme, pois acreditavam que seria uma pornô chanchada, porém viram que é uma história que se assemelha muito com a realidade, muita gente já vivenciou ou viu a típica história do homem casado que tinha relações com outros homens." 

Um dos questionamentos levantados pelo blog foi sobre como a indústria cinematográfica nacional avalia esse gênero no mercado, e como um desabafo, André nos disse: "O mercado nacional da cinegrafia é preconceituoso com o gênero LGBT, prova disso é a ANCINE (Agência Nacional do Cinema) gerenciada pelo governo, escolhida a dedo por quem compactua com suas ideologias, e uma vez que isso acontece, a gente tem boicote e censura a trabalhos desse gênero", lamentou o cineasta.

O cineasta já foi premiado na Conferência Ambiental do Estado do Sergipe, na categoria melhor filme documental, pelo mini-documentário Histórico de uma Comunidade, em que retratava a história de uma comunidade em que seus recursos naturais foram devastados para dar lugar a construção de casas e edifícios. Além desse prêmio, André também dirigiu uma série de reportagens para a TV Sergipe, afiliada da Rede Globo, intitulada Crack: a droga da morte, em que ganhou um prêmio nacional pela Câmara de Deputados em Brasília um prêmio pela Câmara de Vereadores em Itabaiana - SE. Também ganhou prêmio de melhor filme e melhor roteiro, em 2009, com o filme Baixada: a favela como você nunca viu.

Para André, é importante naturalizar as ações. Suas histórias são baseadas em fatos reais, traz uma fotografia naturalista, locações e atuações  mais parecidas com a realidade. Além do mini-documentário previsto para ser lançado ano que vem, André nos disse que pretende produzir outro longa-metragem, que no momento não tem nada muito preconcebido, mas que em breve pretende ganhar vida.

O filme Amor Fluido está disponível em salas especiais, e para verificar os endereços de exibição, basta procurar nos perfis da Produtora Livre Filmes, na página do cineasta André, no Instagram: @andrezaady ou no link da produtora no Youtube: https://m.youtube.com/channel/UCZZbEr6_unhDVbDKGt7-vag


Por Patrick Álisson de Sousa






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