Manuela Dias: do cinema e das séries para as novelas

A baiana Manuela Dias, autora da atual novela das 21h da Globo, Amor de Mãe, demonstra ser muito versátil no audiovisual de forma geral. Jornalista e cineasta por formação, Manuela já foi atriz nas novelas Dona Anja e Brida, já escreveu cinco longas-metragens: Deserto Feliz, Transeunte, O Céu Sobre os Ombros, Sólo Diós, A Hora e a Vez, inclusive já recebeu cinco premiações importantes no cinema a nível nacional.

Em 2011 e 2013, foi colaboradora de Thelma Guedes e Duca Rachid, nas novelas Cordel Encantado e Joia Rara, seus primeiros contatos com a escrita de melodrama. Em 2016, Manuela assinou duas séries de sucesso: Ligações Perigosas e Justiça, essa última, inclusive, sendo indicada ao Emmy. 

Foto: Gshow

Finalmente Manuela tem a oportunidade de estrear, com grande estilo e totalmente titular, como novelista do horário nobre. Seu texto invoca os sentidos humanos para uma densidade dramática que beira a melancolia. Em Amor de Mãe, por exemplo, é uma produção ambiciosa da autora. Uma novela híbrida, que mistura ingredientes próprios do gênero, mais pitadas do cinema e das séries. Com uma fotografia de cinema, com tons amarelos vívidos e takes contínuos, comuns da narrativa das séries americanas, misturada a um elenco estelar escalado a dedo e uma direção primorosa do José Luíz Villamarim, Manuela prende a cada capítulo o telespectador e agrada não só a ele (a novela estreou com 35 pontos no Ibope), como a crítica mais exigente. A trama central da história de três mães que por algum motivo se interligam, move a novela numa imersão de drama sem fim. Não há vilões definidos nessa novela, o que poderíamos colocar como a própria vida como vilã, com suas situações embaraçosas e conflitantes, tampouco protagonistas. As três: Thelma (Adriana Esteves), Lurdes (Regina Casé) e Vitória (Thais Araújo) têm pé de igualdade no protagonismo da trama. 

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Só nos resta torcer para que a novela mantenha o fôlego e entusiasmo pelos próximos meses como foi na estreia. Manuela é capaz, segurou bem todos os episódios de Ligações Perigosas e Justiça. Ela tem tudo para ser a renovação de novelistas do horário nobre que a Globo tanto precisa. João Emanuel Carneiro e Walcyr Carrasco já tiveram seus tempos de glória como apostas de renovação do horário nobre.

Por: Patrick Álisson de Sousa