Jadiael Viana: a nova face da literatura contemporânea brasileira
Em entrevista exclusiva ao blog, o escritor baiano, Jadiael
Viana dos Santos, 32 anos, escorpiano nato, trabalha na roça, é natural de Uruçuca e mora em
Uibaí, interior da Bahia, e também ama a boa e velha batata frita, nos relatou sua opinião sobre o momento político do país: "O
país atingiu o ápice da polarização. O problema é que aqui não se discute
política, se faz politicagem. A boa e velha picuinha entre vizinhos, como
sempre, temperada com tendências duvidosas e o condenável partidarismo
político. E nesse quesito, nós temos pesado, e muito, a mão no sal. São tempos sombrios. Fato inegável. Mas,
como dizem os mais sábios, a ordem só vem depois do caos. Toda revolução
precede uma grande evolução."
Recentemente publicou seu primeiro livro de temática LGBT, pela editora Raredes, intitulado Homens Não Choram. Perguntado sobre o que pensa sobre o crescimento desse gênero num país ainda tão homofóbico, Jadiael foi categórico: "É um
caminho que se abre. A arte nada mais é do que um reflexo não apenas da
sociedade, mas também da própria humanidade. Então, nada mais natural que a
homossexualidade seja retratada nos livros, pintada nos quadros, declamada nos
palcos do teatro, projetada nos telões dos cinemas, tão bem como nas telas das
TVs, e estampada na superfície amarelada das fotografias. Se estamos sendo
escritos nas páginas da História, é porque nós existimos. "
O escritor nos revelou que já está escrevendo outros projetos nesse gênero, mas que também curte se aventurar no suspense: "A minha zona de
conforto é o suspense e mistério. Porém, eu tenho muitas histórias para contar,
o que me obriga a transitar pelos mais variados gêneros, incluindo a comédia, o
drama e a fantasia. Em breve, teremos alguns lançamentos; livros com um tom
bem-humorado, dotados daquele pano de fundo emocionante que aquece, e também
parte o coração."
Diferentemente de muitos autores nacionais, que sonham em ter suas obras transformadas em filme e arrecadar milhões em bilheteria, Jadiael é menos ambicioso: "Eu nunca tive essa ambição. Morro de medo de dizerem que o filme é melhor que o livro. Até o
presente momento, não recebi nenhum convite, mas, se a proposta fosse boa, por
que não? Quando o assunto é dinheiro, eu topo qualquer negócio."
Jadiael começou sua carreira literária com a publicação do livro O Arpoador de Promessas, que passa por um aperfeiçoamento editorial no momento, para que possa ser reinserido no mercado futuramente. Indagado sobre seus projetos futuros, o autor nos revelou que já tem novos livros quase saindo do forno: "O Céu
Não Pôde Esperar está vindo aí, será o primeiro deles. Segue o padrão que eu já
havia comentado. É uma comédia bem canastrona, feita para emocionar, refletir e
também matar de rir. Logo em seguida, teremos O Despertar das
Bruxas, que marca a minha incursão pelo reino da fantasia. Esse trabalho já é
um pouco mais sério. Além de esbarrar forte no suspense, traz elementos da
aventura, ação, mistério e terror. "
Foto: arte da editora
Em meio a crise do mercado editorial, com tantas editoras e livrarias fechando as portas, Jadiael comentou: "Graças às plataformas de autopublicação, os
desafios estão cada vez menores. Hoje em dia, qualquer um pode lançar um livro,
o que é ótimo. O grande obstáculo no meio literário continua sendo as editoras
picaretas, aquelas que cobram o olho da cara, te prometem mundos e fundos, e
depois não cumprem nem a metade do combinado. Bom, eu tirei a sorte grande de ingressar no
quadro de autores da Raredes. Não tenho nada do que reclamar, muito pelo
contrário. Mas, a você que está chegando agora, fica o alerta: durma de olho
aberto. Não se atreva a piscar. Na dúvida, opte pela publicação independente e
contrate uma gráfica para fazer todo o serviço pesado."
Um fato interessante na atual obra do autor, Homens Não Choram, é que apesar de ser um livro dirigido ao público LGBT, está sendo bem recebido pelos héteros, em especial às mulheres, Jadiael informou que tem recebido muitos
elogios, nenhuma crítica negativa. " E olha que eu esperava contar com um certo
grau de rejeição. Por quê? Oras, porque... Uma vez que julgava necessário, caprichei
bastante nas cenas de sexo, tornando-as mais que explícitas. A voz da narradora
é um grito contra o machismo e a repressão sexual, então eu não podia escrever
um texto sexualmente reprimido. Fora que a personalidade dos protagonistas
clamava por aquela liberação, portanto, fazer algo diferente, ou de uma maneira
mais subjetiva, não apenas soaria incoerente, como também acabaria contrariando
a verdadeira natureza dos personagens."
Perguntado se sentiu algum preconceito por
parte de algum leitor no momento dos feedbacks de leitura sobre Homens Não Choram, ele disse que não. " O pessoal tem sido bastante gentil nas
avaliações. Agradeço até, que Deus continue abençoando esse coraçãozinho peludo
de vocês."
Em relação ao preconceito por parte das editoras, tanto quanto o gênero literário como pelo fato de ser um autor que ainda não teve espaço na grande mídia, Jadiael foi categórico: "Elas são oportunistas. Essa é
a verdade. Não que isso seja um problema. A editora é uma empresa, o livro é um
produto e a escrita é uma profissão. Logo, nada mais natural que elas visem
lucros e corram doidas atrás de algumas moedas. Nem só de arte viverá o artista, ainda temos
que comer do pão. O único ponto negativo é a falta de investimento nos produtos
nacionais. E o Brasil é um país onde se produz de tudo, do romance policial ao
erótico. E se querem saber, nós somos bons, a gente manda muito bem no que faz.
Contudo, as editoras, em especial as grandes, só apostam suas fichas em livros
que elas têm certeza de que vão vender, e nessa, investem pesado na importação
de autores estrangeiros, colocando para circular aqui dentro apenas os livros
que estão fazendo um sucesso estrondoso lá fora. Uma iniciativa legítima, mas
que serve de fermento, alimentando o bolo do preconceito literário que rola
solto por aqui."
O escritor também nos contou que ainda não venceu nenhuma premiação literária sobre suas obras, mas que o almeja em breve.
Foto: arquivo pessoal do escritor
Gente, brigadão pelo espaço. Adorei participar do quadro de entrevistas.
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